Publicado em 8 de agosto de 2025

MST celebra 30 anos com Feira Estadual da Reforma Agrária na UFMT

Em comemoração aos 30 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Mato Grosso, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) será palco da Feira Estadual da Reforma Agrária, entre os dias 14 e 16 de agosto. O evento reunirá agricultura familiar, economia solidária e uma programação que celebra as conquistas e lutas do movimento ao longo de três décadas no estado.

O Partido dos Trabalhadores de Mato Grosso mantém a parceria de sempre com o MST e estará presente na feira, além ajudar na mobilização e divulgação do evento.

A feira é também um momento simbólico que marca a fundação do MST em Mato Grosso, que desde 1995 atua no estado como uma das principais forças de resistência e democratização da terra.

Um dos organizadores da ação, o professor doutor Eduardo Daflon, ressalta que Mato Grosso é historicamente marcado pela concentração fundiária e por impactos ambientais profundos. Ele lembra que, ao longo desses 30 anos, o MST tem sido protagonista de importantes transformações no campo.

“O Estado de Mato Grosso é marcado pela grande concentração de terras e por um histórico de degradação ambiental”, explica ele, destacando que 47 assentamentos foram criados graças à luta do MST, beneficiando aproximadamente cinco mil famílias.

“Essa trajetória se expressa na programação da Feira, especialmente por meio dos produtos agrícolas comercializados no evento, os quais, na perspectiva do MST, devem ser alimentos saudáveis. Isso demonstra à sociedade o propósito da luta pela terra: promover um diálogo que mostre como a Reforma Agrária traz dignidade para as pessoas, gera renda e coloca comida de qualidade no prato, tanto no campo quanto na cidade”, contou o historiador.

Mais do que uma feira, o evento propõe um espaço de diálogo entre campo e cidade, por meio de experiências agroecológicas, culinária da terra, cultura popular e rodas de conversa. Tudo isso a partir de uma concepção de produção que rompe com a lógica do agronegócio e aposta em relações cooperativas, sustentáveis e solidárias.

Segundo o doutor, produzir alimentos saudáveis é resultado de um trabalho coletivo e contínuo, que se sustenta em práticas sociais e tecnológicas construídas junto à comunidade camponesa.

“Em um estado como o Mato Grosso, onde o agronegócio impõe uma dinâmica de acumulação marcada pela destruição ambiental e pelo uso intensivo de venenos, a produção camponesa exige firmeza política. Nesse sentido, a Feira é um espaço privilegiado para apresentar à sociedade esse acúmulo construído pelo Movimento, pelos Sem-Terra, pelos camponeses, em suas múltiplas dimensões: produtiva, cultural, científica e agronômica”, disse o professor.

Durante os três dias, a programação vai além da comercialização de produtos. A proposta é criar um ambiente onde universidade, movimentos sociais e sociedade civil possam compartilhar saberes, debater o presente e imaginar um futuro mais justo e sustentável.

“Em nenhum momento a Feira se propõe a ser apenas um espaço de comercialização. Ela é, antes de tudo, um espaço de diálogo entre o campo e a cidade, onde se busca refletir coletivamente sobre um projeto de país que seja popular, justo e soberano”, acrescentou Eduardo.

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Temas como a conjuntura política nacional e a crise ambiental também ganham destaque na programação, justamente por impactarem diretamente a vida de quem vive no campo e nas cidades.

Um dos momentos mais simbólicos da Feira será a realização dos “Cafés Camponeses”, espaços de convivência que misturam alimentos típicos, conversas e expressões culturais dos movimentos sociais do campo.

“A celebração dos 30 anos do MST em Mato Grosso será marcada por uma grande mística, um momento em que as famílias se organizam por meio da poesia, da música e da arte para expressar seus símbolos, referências e valores construídos ao longo da luta pela terra”, acrescentou Daflon.

Após a mística, o evento segue com falas de lideranças e será encerrado com a tradicional troca de sementes, um gesto carregado de simbolismo em defesa da biodiversidade e da soberania alimentar.

Essas sementes, explica o professor, representam um conhecimento milenar, transmitido por gerações de comunidades camponesas e indígenas, e são hoje uma forma de resistência frente ao avanço dos transgênicos.

Ele finaliza dizendo que são sementes que geram as plantas que vão alimentar o povo. Por isso, esse gesto é tão potente e politicamente significativo, expressando a autonomia, a continuidade da vida e o compromisso com um modelo de produção enraizado na diversidade, na solidariedade e na soberania alimentar.

O professor doutor Eduardo Daflon está disponível para mais informações sobre o evento, tanto por telefone: (21) 98883-3805, quanto por e-mail: ec.daflon@gmail.com.

 

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